terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Há três segundas-feiras atrás consegui escapar-me de ir assistir a uma aulinha de equitação da minha sobrinha number one (com 8 aninhos). Há duas segundas-feiras atrás também esquivei-me, ela fez birrinha, pegou a chorar, disse que lhe tinha prometido (desconfio) e blá blá blá. Então, não tive outro remédio senão jurar a pés juntos que ia na segunda-feira seguinte, ontem (já que na próxima já estou em Lisboa). E a miúda não esqueceu. À hora de almoço já estava a ser notificada para comparecer na aula e assim honrar com os meus compromissos. Disse ela que se não fosse era uma mentirosa, vejam só. É que eu e os cavalos não somos propriamente grandes amigos. O meu avô paterno andava a cavalo. O meu pai andava a cavalo. A minha mana do andar de cima sempre adorou cavalos, segui-lhes as pisadas, em tempos idos passava horas a fio enfiada no Hipódromo do Campo Grande e do Lumiar, mas eu nunca fui brindada por ter herdado esse gosto ou vocação. Quando tinha quantos anos? Uns 8, 9, 10, 11? (não se precisar), eu bem que tentei dar continuidade à tradição familiar, despertar em mim o talento e o desejo em montar a cavalo, apaixonar-me pelos cavalinhos, dar-lhe muitas festinhas, torrões de açúcar e tudo e tudo e tudo. Eu tentei gostar daquilo. Eu juro que tentei. Ainda cheguei a andar uns tempinhos em aulinhas de equitação (bem no fundinho desconfio que só as frequentei para não desiludir assim muito muito a família paterna). No volteio fiz o helicóptero, o avião, a tesoura, o Cristo de joelhos, até o Cristo em pé, imaginem. Ou seja, umas pequenas acrobacias em cima do cavalo, verdadeiros números de circo. Mas a coisa não me atraiu mesmo. Não houve química, não houve chama, nem mesmo dom. Nem do Eau de Cavalô me encantava (até pelo contrário). Não achava a mínima piadinha estar para ali naquela trepidação, nem a passo, nem a trote, muito menos aventurar-me em galopadas. Não sentia qualquer controlo na condução do animal, sequer. No entanto, havia, sim, palpites no coração, muita miaufa de dar uma estacada ou de levar um valente coice. E aquelas idas aos cavalos com o avô, o pai e as manas eram, para mim, grandes secas. Grandes secas, meus queridos. Não via a hora de me pôr a andar para casa para brincar a coisas bem mais interessantes, como por exemplo aos médicos, ao crapôt ou ao monopólio. Uns anos depois o meu pai caiu a andar um cavalo e, como devem imaginar, não achei graça nenhuma. Nunca mais pensei em cavalos, até que numa viagem de finalistas a em Punta Cana, lá tive coragem em andar num cavalinho, depois de constatar que era mansinho, mansinho, vá lá, vá.
E ontem fui praticamente obrigada a reencontra-me com os cavalos e assistir à aula da pequena. Sustos, muitos sustos. Antes da aula, o Prof. deixou um cavalo fora da box com uma corda nas mãos de uma miúda aí com uns 9 anos, junto de mim e da minha sobrinha e foi não sei pra onde, tipo "Pega lá. Toma conta", como se fosse uma boneca. O cavalo começou a movimentar-me, a miúda assustou-se, quase que largou a corda, eu já imaginava o cavalo a correr por ali fora a meter-se na estrada, livre como um passarinho. A minha sobrinha também ficou um pouco amedrontada e eu, e eu? Eu assustadíííííssima. Não é por nada, mas se o Prof. pensou que lá por eu ser adulta estava ali para amparar, para tomar conta da situação, enganou-se redondamente. Eu afastei-me muito mais do que qualquer uma das miúdas e já estava pronta para correr uma mini maratona, não fosse um senhor chegar e amansar o bicho. E depois no picadeiro ver a minha sobrinha na sua aula ali a galopar, sem medo nenhum, a imaginar que se lhe falha uma das mãozinhas, ou apenas um dedinho, ela vai pelos ares e cai redonda no chão, confesso que me assustou.
Posto isto, resta-me rezar para que não seja “convidada” mais vezes para actividades desta natureza. Decididamente esta coisa dos cavalos não é para mim.

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