sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Nunca me tinha sentido tão discriminada por não estar a trabalhar até receber uma chamada de uma empresa ligada ao Turismo, cujo nome não vou revelar só para não fazer publicidade gratuita. Diz que há uns mesinhos, num evento, preenchi um cupão que me habilitava a ganhar 4 noites num hotel da dita-cuja, para 4 pessoas. Lembro-me de ver a tômbola a abarrotar com cupões, e pensar que nunca iria sair a mim. E esqueci rapidamente este sorteio. Pois esta semana fui contactada por essa insígnia porque, segundo eles, fui uma das felizes contempladas. Uau! A senhora debitou um discurso maravilhoso sobre este (fantástico) prémio, com direito a escolher um dos destino Açores, Madeira, Gerês ou Algarve, para poder usufruir até daqui a 2 anos. Fiquei, compreensivelmente, de pé atrás. Já o ditado diz que “quando a esmola é grande o santo desconfia”. E nestas situações sou desconfiada até à medula. Primeiro pensei no final vão apresentar a continha (tá-se mesmo a ver), com base numa alínea qualquer com letra microscópica num qualquer folheto, que me passou ao lado. Depois pensei: se não é a conta, aposto que o check-out é feito na cozinha a lavar uma pilha de loiça ou a esfregar o chão. Mas parece que não. A senhora garantiu-me que não tinha que pagar um cêntimo que fossepela estadia, que nem sequer havia conferências ou meetings da marca para gramar no hotel, que não tinha que mexer uma palha a não ser, a não ser… a não ser… fazer publicidade “boca a boca” (da boa) da marca, depois de gozar o prémio! Opa, que trabalheira. Realmente é uma chatice usufruir de um simpático prémio como este e depois ter que espalhar pela minha rede de contactos uma mensagem de meter inveja a qualquer um, como dizer que o hotel era para lá de excelente, que foram dias inesquecíveis, que o colchão da cama era fenomenal, daqueles mesmo bons para andar aos pulinhos durante uma guerra de almofadas, que só me vim embora porque me obrigaram e até, até, até chorei (isto obviamente mesmo que para desgraça das desgraças o hotel fosse uma grande bosta, mesmo que a piscina que aparece no site do hotel, ao vivo, tivesse encolhido para 3 m2, mesmo que ao pequeno almoço só houvesse pãozinho com manteiga (e e…), mesmo que o atendimento se situasse aí nas 2 estrelas, mesmo que houvesse hóspedes como baratas ou formigas, enfim, mesmo que o hotel e o serviço fossem a maior rafeirice à face da Terra). E eu já estava a babar-me só de imaginar o bem-bom que me aguardava, devidamente acompanhada de 3 amigos. A senhora até já tinha marcado o dia, a hora, o local e o nome da colega a quem me devia dirigir para receber o voucher até, até, até, até, até … depois de alguns 10 muinutos de conversa aperceber-se que de momento não estou a trabalhar. Disse ela estupefacta “mas nem a part-time?”, ao que respondi “Não, estou a fazer uma terminar uma pós-graduação”. Mas nesta crise em que vivemos é assim tão estranho uma pessoa não estar a trabalhar??? Hã? Não é do conhecimento de todos a elevada tava de desemprego actual do nosso Portugalinho? “Ah, mas se não está profissionalmente activa, lamento, mas não pode receber o prémio”. Pois, pois… Iludem uma pessoa durante uns 10 minutinhos para logo a seguir desiludirem. Se as regras do jogo são estas, já se fazia um rastreiozinho no início do telefonema, não? Puffff…

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