segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Miss R*, a caça-multas ambulante

Ora isto de conceber um negócio para criar o próprio emprego é que era. E é que já tenho na manga uma ideia fantástica, inserida no departamento “Etiqueta e Boas Maneiras”: multar gente em plena via púbica com comportamentos deselegantes, inconvenientes. Desapropriados, até. Olhem que clientes não me iriam faltar. Ia ser um sucesso! E o que enriquecia, meu Deus… Bastava obter uma licencinha para multar por parte das autoridades competentes. Ah, e um subsídio da União Europeia também dava muito jeitinho. Depois, era ver a Miss R* em grande estilo na via pública a multar como uma louca, sem mãos a medir, com um apito pendurado ao pescoço, bloquinho de multas e caneta na mão, bolsinha para dinheiro e multibanco portátil à cintura (que isto de acelerar o pagamento na hora é sempre o ideal). “Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí”.

Prriiiiiiiii (apito)
“O senhor aí, fáxavor. Sim, sim, o senhor. Olhe bem para o que fez. Não acha que cuspir para o chão é um comportamento nojento? Foi assim que lhe educaram? Lamento, mas vou ter que lhe multar. Não há nada a fazer. São € 15 pela “viagem” da sua saliva da casa de partida até ao chão.

Prriiiiiiiii (apito)
“Menino, então? Vem passear com o seu animal de estimação, este cãozinho muito amoroso, por sinal, e deixa o “presente” do seu bicho no chão? Não, não, não! Ora, com base a consistência deste “presente”… hhmm… deixe-me cá analisar… são 24 euróis. E está com sorte que já lhe fiz o desconto de jovem. Se quiser obter mais um descontozinho, terá de proceder à recolha do “presente”.

Prriiiiiiiii (apito)
”Ó meu caro, julga que eu não vi? Julga? Eu vi muito bem o senhor a soltar os prisioneiros com um dedinho. Não percebeu? A limpar o salão. Ainda não entendeu ou está a fazer-se de despercebido? A tirar macaquinhos do nariz. Quer dizer, não sei se foi macaquinhos ou gorilas, mas também não estou interessada em saber. Ora, não podia fazer isso em privado? Lamento, mas é um comportamento imperdoável. Primeiro, pegue lá neste toalhete e limpe as mãozinhas. Depois, vá de desembolsar € 47. E olhe, ainda bem que se ficou por aí. Se tivesse incluído consumo do Made In Nose …ui… a coima ultrapassava os € 100”.

Prriiiiiiiii (apito)
“Ó minha ilustre cidadã, as cascas de banana não são para serem atiradas para o chão. E se alguém escorrega, cai, dá um bate-cu e faz dói-dói? Sabe, é que alguém ainda pode ir parar ao Hospital e entupir ainda mais as urgências. Não me parece ser lá grande ideia, não acha? Ora, pelo objecto que atirou para o chão, de acordo com a tabela de preços em vigor, cumpre-me informá-la que são € 40. Para a próxima coloque a casquinha num recipiente apropriado, sim?”.

Prriiiiiiiii (apito)
“Moço?! Moço?! Venha aqui. Quero confessar-lhe uma coisinha. Vi-o a coçar a sua “aparelhagem” à grande e à francesa. Sim, vi. Esteja descansado, fica só entre nós. No entanto, a sua conduta implica uma multazinha na módica quantia de € 25. Ah não tem dinheiro consigo? Não se preocupe. Temos Multibanco. E olhe, não precisa corar. Apenas pagar.”

Prriiiiiiiii (apito)
“Ó menina. Limpe a boca. Limpe! Desde quando é que gritar “Vai pa p*** que te pariu” é frase para ser ouvida daqui até Madrid? Hein? Eu compreendo que esteja chateada com alguém na sua vida... Calminha, não quero que me explique. Mas sabe, exclamar nesse volume na rua pode assustar qualquer cidadão, ou furar os tímpanos a alguém; e debitar uma frase deste gabarito, pior. Lamento, mas da multa já não se pode safar. Temos pena. São as regras. € 38. Ah e é verdade, pode descontar no IRS.

Ou pagam ou ficam aqui de castigo, presos a este poste com umas algemas de pelúcia (cor-de-rosa para o sexo feminino; azul para o masculino) até que o vosso fiador venha liquidar a dívida!

Ai ai, a fortuna que faria...

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