sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Se eu podia viver sem o Facebook? Podia, mas não era a mesma coisa!

MST dedicou uma crónica do Jornal Expresso ao tema “Facebook” (disponível aqui). Muito falou mal desta rede social, valha-me Deus. Pois eu sou uma aderente ao Facebook e gostaria de expressar a minha opinião sobre esta crónica.
Motivos apresentados na crónica. Ora bem, o primeiro: interesse profissional. Bom, eu estou actualmente desempregada, despedi-me há cerca de um ano de uma empresa nos Açores para poder realizar uma Pós-graduação em Barcelona, mas depois de uma “avaria técnica”, o avião aterrou em Lisboa. Portanto, de momento sou apenas estudante. Meu caro, nunca se sabe se um dia escrevo “Estou desempregada” no campo "Em que estás a pensar?" e lá está, pode ser que algum dos amigos do meu círculo do facebook, que conhece minimamente o meu CV, comente que viu um anúncio que me escapou nalgum portal de empregos ou meio de comunicação social, ou “a empresa onde trabalho está a recrutar uma pessoa com o teu perfil”. De qualquer modo, e pegando num exemplo que citou, se fosse fotógrafa, com certeza poderia divulgar que faço cobertura de casamentos, baptizados ou o que seja, e quem é que me garante que a partir daqui não poderia obter mais clientes???? Segundo motivo: negócios ou produtos que lhes interessa divulgar. Bem, se tivesse uma loja (por exemplo), e estivesse a decorrer uma promoção do tipo "pague 1 e leve 2", garanto-lhe que aproveitaria para divulgar a campanha no face. Oh se garanto! Assim como já fui eu informada de certa promoção de uma marca por esta via e constitui-me sua cliente por um dia. A terceira: amigos do liceu ou da primária. Claro que sim, que me interessam. Mas alguém por livre e espontânea vontade, sem razão nenhuma, deseja afastar-se dos amigos só porque as circunstâncias da vida o proporcionaram? Ainda recentemente adicionei uma amiga com quem não mantinha contacto pra lá de uns 15 anos (lá está, por circunstâncias normais da vida) e que está a organizar uma almoço de convívio do pessoal do bairro onde habitei. Provavelmente se não nos encontrássemos nesta rede social, eu não seria convidada. Faz alergia reencontrarmos com velhos amigos, faz? Faz mal? Porque não me há-de interessar? Lamento discordar plenamente com a sua frase “Eles que me perdoem, mas a vida não se faz a andar para trás”. Para ser absolutamente honesta, fiquei bastante desiludida com a mesma.
Quanto ao número de amigos, pessoalmente, os que tenho no meu círculo, conheço-os a todos excepto um. Claro, uns mais amigos do que outros, uns mais conhecidos do que amigos, e confesso que quem não é propriamente meu "amigo" é o David Fonseca. Gosto das músicas dele. Porque não tê-lo na minha lista e ficar a par do seu trabalho, ou da sua agenda de concertos? Foi através de um seu post que fui informada de que podia sacar o seu novo single num determinado endereço virtual. Claro que o poderia ter sabido de outra forma, é verdade. Mas o que interessa é que soube por aqui. E já me valeu por isso. Quarto. Os “1234 amigos”. Não os tenho, nem tenho o hábito de convidar ou aceitar pedidos de amizade de pessoas que não conheço. Como já disse só tenho um amigo que de facto não conheço pessoalmente. Mas se tivesse esses 1234, era uma decisão minha! Fosse, como é referido na crónica, pela solidão, pela ilusão de que não se está sozinho, ou para perder horas preciosas da vida amarrada à coisa (seja para arranjar parceiros amorosos ou apenas sexuais, para se exibirem a si mesmos, às suas vidas, às fascinantes personagens que todos se imaginam ou para vasculharem a vida dos outros) a decisão (boa ou má) é de cada um! Cada um sabe da sua vida, cada um vive-a como sabe, pode ou quer. A verdade é que nem toda a gente tem SEMPRE a possibilidade de fazer amigos de outra maneira, de manter os actuais amigos de outra forma ou de ter encontros de outra forma (um simples exemplo são os amigos que vivem a centenas ou milhares de quilómetros de nós).
A exposição pessoal no facebook é também decisão de cada um! O barómetro é o que cada um quer. Porque há-de ser considerado íntimo publicar fotografias de uma viagem que fiz a Paris, ou de ver as de um amigo que foi a Bora-Bora? Que mal tem? Porque não partilhar? Se calhar nunca vou ter a possibilidade de ir a esse paraíso e porque não aumentar a "cultura visual" do local por esta via?
E se um dia for mãe, se me apetecer colocar uma fotografia a mudar a fralda ao bebé, o problema, conta e risco, são meus. Se receber comentários carinhosos são meus! O ego é meu! A ânsia (ou não) de protagonismo é minha! A auto-estima é minha! E cada um sabe de si.
E claro, o face tem aqueles testes estúpidos, é verdade. Já fiz alguns. Mas divirto-me e dou umas boas gargalhadas. E para mim, é isso que interessa. Também já não se pode gastar alguns minutos do dia a fazer testes estúpidos e a rirmo-nos com eles?
Engraçado que, só assim de repente, me recordo de ter tomado conhecimento através desta rede social da crónica do MST, que o nosso querido Raul Solnado faleceu, que já há sessenta e tal casos de gripe A nos Açores, que o meu amigo X faz anos daqui a uns dias, que vai haver um concerto que até me interessa, que a minha colega de faculdade casou, que um amigo meu vai dar uma palestra, que um vídeo do Youtube que desconhecia me agrada. Então??? Isto tudo não interessa também?
Facebook ou Messenger, a verdade é que mantenho contacto com muitos amigos (uns fisicamente mais longe do que outros) por estas vias (lá está, nem sempre tenho a possibilidade ou a disponibilidade de estar ao lado deles, em carne e osso), me divirto, marco encontros sem gastar um cêntimo que seja do saldo do meu telemóvel, mas pelos vistos isto não interessa nada, não é?
Realmente a vida é o que! E seja o que for o facebook, estou lá porque simplesmente me apetece, porque é uma companhia, uma fonte de informação, um meio de comunicação, um passatempo e uma forma de diversão, que também me faz viver!

Se eu podia viver sem o Facebook? Podia, mas não era a mesma coisa!

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